De separações na cidade a misturas nas praias
PDF

Palavras-chave

padrões socioespaciais
segregação
redes
mobilidade
praias urbanas

Como Citar

DONEGAN, L.; ALVES, S. D. de S.; OLIVEIRA, J. V. N. de. De separações na cidade a misturas nas praias: investigando padrões socioespaciais e usos de praias em uma capital litorânea. Revista de Morfologia Urbana, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e00223, 2022. DOI: 10.47235/rmu.v10i1.223. Disponível em: http://revistademorfologiaurbana.org/index.php/rmu/article/view/223. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

O caráter marítimo no Brasil é dado pela formação de muitas cidades coloniais à beira-mar e pela natureza pública da orla estabelecida por lei, embora praias possam expressar dinâmicas excludentes. Segregação, dinâmicas urbanas e usos em praias contribuindo para o bem-estar são temas frequentes na literatura sobre o estudo de cidades, mas pouco interligados entre si. Entendendo que a forma do espaço ajuda a unir ou separar pessoas, este artigo investiga a localização na malha urbana, padrões socioespaciais, redes e mobilidades no uso de praias na cidade de João Pessoa, Nordeste brasileiro. Dados demográficos, localizações na malha urbana e dados coletados com frequentadores das praias foram analisados. Resultados indicam que densidades se distribuem mais na cidade acompanhando centralidades urbanas enquanto existe uma clara separação da população mais privilegiada economicamente morando perto do mar. Em contrapartida, essas praias recebem visitantes com mistura de perfis sociais distintos, vindos de diferentes lugares, acentuando um poder de atratividade gerando espaços de potencial encontro entre diferentes na cidade, principalmente nas praias mais integradas na malha urbana. Apesar disso, distância e tempo de deslocamentos custam mais para a população menos privilegiada economicamente visitarem as praias, reforçando desigualdades de acesso ao lazer na praia.

https://doi.org/10.47235/rmu.v10i1.223
PDF

Referências

Araújo, M. C. B. de, Silva-Cavalcanti, J. S., Vicente-Leal, M. M., & Costa, M. F. da. (2012). Análise do comercio formal e informal na Praia de Boa Viagem, Recife, Pernambuco, Brasil. Revista de Gestão Costeira Integrada, 8(2), 233-245. https://doi.org/10.5894/rgci329

Azevedo, A. de. (1992). Vilas e cidades do Brasil colonial (ensaio de geografia urbana retrospectiva). Terra Livre, 10, 23-78. https://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/terralivre/article/view/113

Boeing, G. (2017). OSMnx: New methods for acquiring, constructing, analyzing, and visualizing complex street networks. Computers, Environment and Urban Systems, 65, 126–139. https://doi.org/10.1016/j.compenvurbsys.2017.05.004

Brasil (2016) RESOLUÇÃO No 510, DE 7 DE ABRIL DE 2016—Imprensa Nacional, 510, 2016, Ministério da Saúde, Edição: 98 Diário Oficial da União 44 (2016). https://www.in.gov.br/materia

Brasil (1988) Lei n. 7661, no 7661, Casa Civil (1988). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7661.htm

Breton, F., Clapés, J., Marquès, A., & Priestley, G. K. (1996). The recreational use of beaches and consequences for the development of new trends in management: The case of the beaches of the Metropolitan Region of Barcelona (Catalonia, Spain). Ocean & Coastal Management, 32(3), 153–180. https://doi.org/10.1016/S0964-5691(96)00032-4

Carmo, J. B. J. (2014). A Forma do Privilégio: Renda, Acessibilidade e Densidade em Natal-RN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Carpenter, A., & Peponis, J. (2010). Poverty and Connectivity: Crossing the Tracks. Journal of Space Syntax, 1, 108–120.

Carvalho, I., & Arantes, R. (2021). “Cada qual no seu quadrado” Segregação socioespacial e desigualdades raciais na Salvador contemporânea. EURE (Santiago), 47(142), 49–72. https://doi.org/10.7764/eure.47.142.03

Castells, M. (1999). A Sociedade em Rede (Vol. 1). São Paulo, Paz e Terra.

Dantas, E. W. C. (2002). Construção da imagem turística de Fortaleza/Ceará. Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 01, número 01(UFC).

Dixon, J., & Durrheim, K. (2000). Displacing place-identity: A discursive approach to locating self and other. British Journal of Social Psychology, 39(1), 27–44. https://doi.org/10.1348/014466600164318

Donegan, L. (2019) Qual é a sua praia? Arquitetura e Sociedade em Natal. Brasília, FRBH.

Donegan, L., & Trigueiro, E. (2012). From Structure to Perception—Investigating patterns of space and use at the beach (Fortaleza, Brazil). Proceedings of the Eighth International Space Syntax Symposium. Santiago de Chile, Pontifícia Universidad Católica de Chile, 8179:1-8179:11

Filipeia Mapas da cidade. (2021). https://filipeia.joaopessoa.pb.gov.br/

Ferreira, V. A. M. (2015). Estatística Básica. Rio de Janeiro, SESES.

Freyre, G. (2006). Casa-Grande & Senzala. 51 ed. São Paulo, Global Editora.

Freyre, G. (2004). Sobrados e mucambos. 15 ed. São Paulo, Global Editora.

Gehl, J. (2010). Cities for People. Washington, Island Press.

Granovetter, M. S. (1973). The Strength of Weak Ties. American Journal of Sociology, 78(6), 1360–1380, http://www.jstor.org/stable/2776392.

Hall, S. (2012). City, Street and Citizen: The Measure of the Ordinary. London, Routledge. http://www.routledge.com/books/details/9780415688659/

Harvey, D. (2009). Social Justice and the City (Revised Edition). Athens, University of Georgia Press. http://ebookcentral.proquest.com/lib/bcufpb-ebooks/detail.action?docID=3038870

Hillier, B. (2007). Space is the machine: A configurational theory of architecture. Space Syntax. http://eprints.ucl.ac.uk/3881/

Hillier, B., & Iida, S. (2005). Network and psychological effects in urban movement. In: Cohn, A.G., Mark D.M. (eds) Spatial Information Theory (p. 475–490). Berlin, Springer. http://link.springer.com/chapter/10.1007/11556114_30

Hillier, B., & Vaughan, L. (2007). The city as one thing. Progress in Planning, 67, 205–230. https://doi.org/10.1016/j.progress.2007.03.001

Holanda, S. B. de. (1995). Raízes do Brasil (26o ed). São Paulo, Companhia das letras.

Holanda, F. (2000). Class footprints in the landscape. Urban Design International, 5, 189–198. https://doi.org/10.1057/palgrave.udi.9000015

Holanda, F. (2013). 10 mandamentos da arquitetura. Brasília, FRBH.

IBGE. (2020). IBGE | Portal do IBGE. Portal do IBGE. https://www.ibge.gov.br/

Jacobs, J. (1961). The Death and Life of Great American Cities. Pimlico. http://www.alibris.com/search/books/isbn/9780712665834

Kaplan, R., Kaplan, S., & Ryan, R. (1998). With people in mind: design and management of everyday nature. Washington, Island Press.

Legeby, A. (2013). Patterns of co-presence: Spatial configuration and social segregation. (thesis), Stockholm, KTH.

Liao, Y., Gil, J., Pereira, R. H. M., Yeh, S., & Verendel, V. (2020). Disparities in travel times between car and transit: Spatiotemporal patterns in cities. Scientific Reports, 10(1), 4056. https://doi.org/10.1038/s41598-020-61077-0

Marcus, L. (2010). Spatial Capital. The Journal of Space Syntax, 1(1), 30–40.

Marques, E. (2010). Redes sociais, segregação e pobreza em São Paulo. São Paulo, Editora Unesp.

Marques, E., Castello, G., & Bichir, R. M. (2012). Redes pessoais e vulnerabilidade social em São Paulo e Salvador. Revista USP, 92, 32–45. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i92p32-45

Medeiros, T., Morais, M. T. de A., Donegan, L. (2019) Verticalizar e ver o mar: ambiente construído e agentes sociais envolvidos na fabricação do ‘Altiplano Nobre’. Revista de Morfologia Urbana, 7 (1), e00022-e00022. https://doi.org/10.47235/rmu.v7i1.22

Mello, A., & Portugal, L. (2017). Un procedimiento basado en la accesibilidad para el diseño de planes estratégicos de la movilidad urbana: El caso de Brasil. Revista EURE - Revista de Estudios Urbanos Regionales, 43(128), Article 128. https://www.eure.cl/index.php/eure/article/view/1715

Mitchell, W. J. (2001). The revenge of Place. Proceeding of the 3rd International Space Syntax Symposium, Atlanta, Georgia Institute of Technology, 1–6.

Moura Filha, M. B., Cotrim, M. & Cavalcanti, I. (2016). Entre o rio e o mar: arquitetura residencial na cidade de João Pessoa. João Pessoa, Editora UFPB.

Netto, V., Meirelles, J. V., Pinheiro, M., & Lorea, H. (2017). Uma geografia temporal do encontro. Revista de Morfologia Urbana, 5(2), 85–101. https://doi.org/10.47235/rmu.v5i2.2

Netto, V. M., Soares, M. P., & Paschoalino, R. (2015). Segregated Networks in the City. International Journal of Urban and Regional Research, 39(6), 1084–1102. https://doi.org/10.1111/1468-2427.12346

O’Donnell, J. G. (2013). A invenção de Copacabana: Culturas urbanas e estilos de vida (1890-1940). Rio de Janeiro, Zahar.

Oliveira, T. G. de, & Neto, R. da M. S. (2015). Segregação residencial na cidade do Recife: um estudo da sua configuração. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, 9(1), 71–92.

Peponis, J. (1989). Space, culture and urban design in late urbanism and after. Ekistics, 56 (334/335), 93–108, http://www.jstor.org/stable/43622107.

Speck, J. (2017). Cidade Caminhável (1o ed). São Paulo, Perspectiva.

Subiza-Pérez, M., Vozmediano, L., & San Juan, C. (2020). Green and blue settings as providers of mental health ecosystem services: Comparing urban beaches and parks and building a predictive model of psychological restoration. Landscape and Urban Planning, 204, 103926. https://doi.org/10.1016/j.landurbplan.2020.103926

Turner, A. (2007). From axial to road-centre lines: A new representation for space syntax and a new model of route choice for transport network analysis. Environment and Planning B: Planning and Design, 34(3), 539–555. https://doi.org/10.1068/b32067

Vaughan, L. (2007). The spatial syntax of urban segregation. Progress in Planning, 67(3), 205–294. https://doi.org/10.1016/j.progress.2007.03.001

Vidal, W. (2016). Uma cidade em expansão: Outros caminhos se definem. In: Moura Filha, M. B., Cotrim, M. & Cavalcanti, I. Entre o rio e o mar: Arquitetura residencial na cidade de João Pessoa. João Pessoa, Editora da UFPB, pp. 156–175.

Villaça, F. (2001). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel: FAPESP.

Zandonade, P., & Moretti, R. (2012). El patrón de movilidad de Sao Paulo y la suposición de la desigualdad. Revista EURE - Revista de Estudios Urbanos Regionales, 38(113), Article 113. https://www.eure.cl/index.php/eure/article/view/60

Zechin, P., & Holanda, F. R. B. de. (2019). Atributos espaciais da desigualdade nas grandes cidades brasileiras: Uma relação entre segregação e morfologia. Cadernos Metrópole, 21(44), 55–78. https://doi.org/10.1590/2236-9996.2019-4403

Zukin, S. (1995). The Culture of Cities. Oxford, Blackwell.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Lucy Donegan, Stela Alves, João Victor Nunes de Oliveira

Downloads

Não há dados estatísticos.