Resumo
Tomé-Açu, localizado no nordeste do estado do Pará, tem se destacado pelo emprego de Sistemas Agroflorestais (SAFs) na produção agrícola do município. Para além da perspectiva ambiental e econômica, este trabalho apresenta uma análise da estruturação socioespacial de Tomé-Açu, a fim de explicar como os SAFs estão inseridos na forma de assentamentos urbanos e periurbanos do município. Dois pontos são levados em consideração para a elaboração da pesquisa: o primeiro é a expansão do tecido urbano em Tomé-Açu e a formação de um território fragmentado; e o segundo é a dispersão dos SAFs no território municipal. Sabe-se que os SAFs foram tão reproduzidos pelo município a ponto de estarem presentes em diferentes ocupações espaciais. As conclusões indicam que a expansão de agroflorestas em Tomé-Açu estabelece um sistema espacial de transição entre fragmentos florestais e áreas de usos do solo distintos. Além disso, dentre as categorias morfológicas estudadas, conclui-se que os SAFs podem ser elementos estruturantes da organização espacial de núcleos urbanos e protonúcleos ao estarem presentes nas franjas urbanas e, principalmente, de aglomerados rurais, onde os SAFS aparecem articulados aos demais espaços e as atividades rurais são mais expressivas.
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