Resumo
A morfologia urbana foi criada para analisar as cidades europeias históricas, na conjuntura do pós-guerra e do modernismo. Mais de meio século depois, ainda há carência de estratégias de análise para compreensão de formas que não se enquadram nos padrões de formalidade, e de instrumentos e metodologias que sejam capazes de entender as particularidades dos assentamentos humanos de produção não planejada e/ou informal (Kamalipour; Dovey, 2019, apud Spolaor e Oliveira, 2021). Alguns conceitos e elementos de análise da morfologia não são facilmente aplicáveis às espacialidades encontradas em áreas periféricas, consideradas informais. Apesar disso, algumas pesquisas têm confirmado a utilidade de conceitos clássicos da morfologia urbana (Spolaor e Oliveira, 2021). A criatividade na adaptação e criação de ferramentas de análise para a forma dos espaços em áreas periféricas tem sido fundamental, demandando reflexões sobre a compreensão de espacialidades em contextos não idealizados pela literatura da morfologia e do planejamento urbano. O processo da urbanização demanda a compreensão do espaço de vivência humana como um produto dinâmico para análise. Este artigo tem como objetivo revelar um tipo de urbano em meio a floresta, com compreensão da microrrede de assentamentos tradicionais (ribeirinhas e quilombolas) amazônicas na região do Baixo Tocantins/PA, onde os elementos, as relações e os processos espaciais demandaram novas epistemologias morfológicas.
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