Cinturas periféricas na periferia do capitalismo
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Palavras-chave

cinturas periféricas
sociodiversidade
cidades amazônicas
emergência climática
convergência socioecológica

Como Citar

CARDOSO, A. C. .; CASTRO, L.; OLIVEIRA, K. Cinturas periféricas na periferia do capitalismo: os casos de Belém e Manaus. Revista de Morfologia Urbana, [S. l.], v. 11, n. 1, 2023. DOI: 10.47235/rmu.v11i1.279. Disponível em: https://revistademorfologiaurbana.org/index.php/rmu/article/view/279. Acesso em: 21 nov. 2024.

Resumo

O planeta está em uma emergência climática, e muito se fala sobre a prioridade de preservação de florestas, mas a conexão entre cidade e natureza ainda é pouco compreendida na floresta tropical brasileira. Na Amazônia, 80% da população vive em cidades, onde duas metrópoles – Belém e Manaus são referências para as cidades menores. Esta pesquisa identifica e espacializa as fases de formação de cinturas periférica para essas metrópoles, os processos socioeconômicos, usos e atores envolvidos na sua produção ou afetados por seu desaparecimento, sob a luz de uma socioecologia. As cinturas periféricas são marcadores de fases de expansão e estagnação nas duas cidades, onde as cinturas mais preservadas são aquelas destinadas a usos institucionais; porém, há rápido desaparecimento destes interstícios, seja por ocupação informal, seja por ação do setor imobiliário, face ao intenso fluxo migratório para as duas cidades. Conclui-se que a convergência entre aspectos ecológicos, de planejamento e morfologia urbanos é urgente porque tanto dentro quanto fora das cidades a floresta é meio de produção da população nativa e de prestação de serviços ecossistêmicos, e porque os circuitos curtos e fluxos de conexão entre cidade e floresta favorecem a vida tanto local quanto globalmente.

https://doi.org/10.47235/rmu.v11i1.279
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