Resumo
Este trabalho analisa as diferenças morfológicas na arquitetura tradicional urbana luso-brasileira entre as tipologias de casas correntes e de casas senhoriais, no período que vai da metade do século XVIII até o início do século XX. O recorte privilegia o universo mais uniforme e conservador dos estados do Rio de Janeiro, Goiás (incluindo Tocantins) e Minas Gerais. O estudo identifica características estruturantes de cada uma das duas séries morfológicas. Enquanto a maioria dos estudos anteriores se concentra na análise de grafos para avaliar as conexões topológicas entre ambientes individuais, esta pesquisa adota a análise de integração visual, que enfatiza os centros morfológicos dos espaços. Os resultados evidenciam como a análise de integração visual confirma a congruência entre a composição espacial das casas correntes e senhoriais e os atributos da vida social próprios a cada uma dessas tipologias. Tais atributos são a localização do convívio familiar nos fundos da casa corrente e, em contraste, a primazia dos espaços de recepção e representação na parte dianteira das casas senhoriais.
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